Saímos de Itajubá MG na madrugada do dia 10 de Julho rumo a Lima capital do Peru. De lá, após 450 Km de deserto entre litoral (areia) e interior (rochas) chegamos em Huaraz (3100 m) quando já era noite. A primeira diferença que sentimos em Huaraz foi o cansaço provocado pela altitude quando subimos os 5 andares de escada do hostel em que nos hospedamos.
Huascarán visto do Hostel
Depois de um café da manhã fomos logo procurar o pessoal da agência que tínhamos contratado daqui do Brasil pra que pudéssemos agendar nossa primeira atividade na Cordillera, fomos muito bem recebidos e informados de que poderíamos descansar e conhecer Huaraz naquele dia e que no dia seguinte por volta das 9:00 horas sairíamos pra uma aclimatação na Laguna Churup (4450 ).
Base do Nevado Churup 5495 m
Após umas 4 horas de caminhada tendo como visual o nevado Huamashraju (5434) e de uma escalaminhada ao lado de uma cachoeira de desgelo chegamos a Laguna Churup, onde sacamos várias fotos, lanchamos e retornamos a Huaraz.
Parte do Huamashraju
Escalaminhada ao lado de uma cachoeira de degelo
Laguna Churup 4450 m
Durante a descida uma surpresa, havíamos passado muito tempo na altitude e alguns integrantes da expedição não estavam se sentindo muito bem, chegando a Huaraz foi tomada a decisão de que o trekking seria cancelado em virtude da não adaptação de alguns na altitude. A solução foi reorganizar a expedição para que todos pudéssemos aproveitar os atrativos do lugar. Depois de analisar as possibilidades decidimos que Dupas, Francisco e Ricardo formariam um grupo e André e Wilmer outro.
Caminhamos por mais uns 20 minutos até a entrada do glaciar, onde ficamos encordados e iniciamos a caminhada no gelo. Finalmente podia escutar o barulho dos granpões em contato com o gelo, céu estrelado, lanternas na cabeça e montanha arriba, era o começo da realização de um antigo sonho, lembro-me que durante a caminhada passou muita coisa pela minha cabeça, pensava na família, namorada e amigos, lembrava a todo o momento da frase de nosso guia Beto dizendo logo que entramos no glaciar: “a partir de agora somos uma equipe, se um desistir todos voltaremos”, senti uma tremenda responsabilidade, pois não poderia decidir só por mim, a decisão de cada um serviria pra todos....é ...pensei comigo, estou em uma alta montanha...
E assim continuamos, a lanterna batia no gelo e refletia estrelinhas, iguais as que via no céu, e aquilo me alucinava, perguntei a André se ele estava vendo o mesmo que eu, ele disse que sim, então fiquei mais tranqüilo. Caminhamos muito e quando o cansaço batia em meio a pendentes íngremes parávamos para descansar. Em uma dessas horas, olhei pra trás e vi André outra vez massageando os pés, perguntei se estava tudo certo com ele, meio assustado, disse-me que estava com muito frio nos pés mais estava sobre controle, então continuemos. Mais um pouco arriba era minha polaina que estava se soltando, fomos obrigados a parar e ajustá-la, nisso, tirei minhas luvas e quando percebi minhas mãos estavam muito frias, coloquei as luvas o mais rápido que pude e enquanto caminhava ia movimentando os dedos afim de aquecê-los, deu certo, ufa...
Vista do cume sul do Vallunaraju
Cume sul do Vallunaraju
A 100 metros do cume o cansaço bateu, ainda restavam duas pendentes muito íngremes e a tal aresta, foi então que Beto parou perguntando-me se poderia esperar ali, enquanto ele e André fariam o cume em meia hora e voltavam para me pegar. Tive que tomar uma decisão rápida, não queria desistir ali tão próximo do cume, mais sabia que estava cansado e que poderia prejudicá-los na ascensão. Tomei a decisão certa, falei a ele que queria tentar e que se fosse um pouco mais devagar chegaria a qualquer lugar.
Uma “carretera” pro cume!
Vencida as pendentes chegamos numa vertente que dividia o cume do Vallunaraju em dois, e a aresta estava lá, e com ela as famosas cornijas, gelo fofo que se acumulam na ponta das paredes dando uma falsa impressão de que é sólida mas não é e um passo sem prudência representa uma queda. Sabia que ali era o momento de usar a ultima reserva de força e com muito esforço às sete da manhã Beto (guia), Eu (Carlos Wilmer) e André Garcia chegamos ao cume do respeitado Vallunaraju (5686 m).
Aresta final e as cornijas
Aresta final
Ficamos no cume por um bom tempo, fiquei muito emocionado de fazer minha primeira alta montanha, agradeci a Deus, aos meus pais que partiram a pouco e a todos os amigos e familiares que me apoiaram nesta aventura , era inacreditável poder ver aquelas montanhas enormes do meu lado.
Os agradecimentos vão pra todos que fizeram com que essa aventura se realizasse aqui e no Peru, nossa pátria irmã.
Assim deveria caminhar a humanidade!
2 comentários:
Ao meu amor Carlos Wilmer Costa, meus parabéns por mais esta conquista...Te amo! Moema
Valeu Lemão, André e família Dupas. É assim que se forma uma verdadeira equipe, em momentos irados.....parabéns por mais essa conquista.
Marcião (Lucélia-SP).
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