terça-feira, 20 de outubro de 2009

Montanhismo Paranaense

Desde quando iniciamos nossa história na montanha, sempre ouvíamos falar do estado do Paraná como referencia do montanhismo brasileiro. Sabemos que em meados de 1880, um grupo liderado pelo farmacêutico Joaquim Olympio Carmeliano de Miranda alcançou o cume principal do conjunto do Marumbi, o Olimpo, dando início ao nascimento da prática ou da filosofia chamada montanhismo no Brasil.

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Em agosto deste ano, tivemos a oportunidade de receber um convite dos nossos amigos Edemilsom Padilha (Ed) e Cristiano Kulka para conhecer a fábrica da Conquista em Campo Largo, cidade situada a 15 minutos de Curitiba-Pr.

Setor 1 de São Luiz do Purunã

Em uma sexta feira, “pegamos chão” logo cedo e percorremos os mais de 700km que nos ligam até a capital do Murumbinismo. Chegamos as 17:30 na porta da Conquista, que fica situada no bairro Ouro Verde de Campo Largo, um lugar muito tranqüilo e agradável. Já na porta, os escaladores Cristiano e Edemilsom nos esperavam com uma cuia de Mate na mão, onde fomos curtir o final de tarde na varanda da casa do Ed que mora nos fundos da fábrica. Ali conhecemos a nova linha de ferragens da Conquista e tivemos a oportunidade de saber em primeira mão como se sucedeu a conquista de uma das vias mais exigentes do Brasil, a Place of Happiness 9a - 850m na Pedra Riscada, finalizada a alguns dias atrás pelo Ed, o argentino Horácio e os alemães casca grossa Stefan Glowacz, Holger Heubers e o fotografo profissional Klaus Fengler .

Hora do Mate

Após esta session, o Ed nos levou para conhecer os ginásios de escalada em Curitiba, o Campo Base e o Via Aventura, ambos alucinantes e bem estruturados. No Campo Base, demos uma escaladinha para experimentar a vibe, e que vibe ! Por lá, tivemos o prazer de encontrar o escalador Bugil que passou em 2003 por Itajubá e também o nosso grande mestre e amigo Kavamura, que tinha acabado de comprar um fliperama e não via a hora de estrear a máquina em sua casa. Após convite para uma cerveja achamos melhor voltar para Campo Largo pois já estávamos bem cansados pelo longo dia de viagem.

Made in Brasil

Acordamos sábado as 8:00am, onde tomamos uma cafézão bacana e partimos para o setor 1 de São Luis do Purunã na companhia do Ian Padilha, filho do Ed, carinha sangue "bão" de mais e já bem forte na escalada, junto com o Cristiano Kulka, amigo escalador que já havia feito uma visita a Triboo! neste mesmo ano e o Ed, um dos caras mais fanáticos pela escalada que já conheci neste planeta.

Edemilsom Padilha na Jumping Jack Flash VIIa

São Luis do Purunã é o penúltimo degrau do Planalto Paranaense antes de chegar ao litoral sul. Sua composição mineral é o arenito, uma rocha bem gostosa e suave que apresenta muitas possibilidades para proteção móvel, negativos e tetos. Chegamos cedo por lá, onde iniciamos a trilha por cima até a base das vias. Logo o Ian já pede a ponta da corda pro Ed, onde com muita calma o pai diz: primeiro o mate ! Após finalizarmos a rodada de chimarrão, entrei com o Cristiano e a Lu na via Bicho Triste, um 5º bem legal aberto pelo Ed na data do nascimento do Ian. O nome Bicho Triste apareceu porque o Ian quando bebe não parava de chorar um minuto, fazendo com que o Ed batizasse a via com este nome.

Ian Padilha na Jumping Jack Flash VIIa

A partir daí fomos fazendo uma seqüência de vias que não acabava mais, passando uns sufocos e curtindo muito o astral, principalmente na companhia destes amigos inesquecíveis. Após muita escalada, olhamos para o relógio e vimos que já era tarde, onde o Ed lembrou que receberia a visita de 3 amigos escaladores argentinos que chegariam naquele instante em Campo Largo. Assim pegamos o carro e descemos para a cidade, onde em 15 minutos já estávamos na Conquista.


Ian Padilha na Mato Psicodélico VIsup

Não passou muito tempo e os gringos chegaram, que figuras ! Saímos então para tomar umas cervejas e comer alguma coisa, pois até então só estávamos com erva mate e bananas na barriga.


Luane Mohallem na Bicho Triste V

Neste dia rolou muitas histórias, e pra fechar a noite assistimos uma mostra de imagem da conquista da Place of Happiness na integra.


Ed Padilha na Jumping Jack Flash 7a

No Domingo, o objetivo era conhecer o Marumbi, um parque estadual situado na Serra do Mar recheado de conquistas históricas e muita energia do puro montanhismo. O Ed foi fazer companhia aos gringos no setor 3 de S.L.Purunã, onde eu, a Lu e o Cristiano o nosso guia partimos antes das 7 pro Marumbi. Nossa intenção era chegar ao ponto mais alto deste conjunto, o Olimpo com 1.539m. Através da Serra da Graciosa descemos até a cidade de Morretes situada ao nível do mar e pegamos a entrada do parque pela parte baixa onde conseguimos, através de uma estradinha precária, chegar com o carro até a Estação Engenheiro Lange.


Ed Padilha em um IXa

A partir dali iniciamos nossa caminhada cruzando a linha de trem Paranaguá-Curitiba. Com 10 minutos de caminhada chegamos na Estação do Marumbi com 485m de altitude. Ali possui uma área para camping e várias casinhas, onde uma delas é a base do Corpo de Socorro em Montanha, o COSMO, em outra há o museu do Marumbi e ao lado a guarita onde fizemos nosso cadastro informando qual seria o destino da nossa caminhada. Iniciamos a trilha pontualmente as 9:00, onde escolhemos a trilha branca chamada de Frontal para alcançar os 1.539m do Monte Olimpo.


Trilha pela Fenda

A subida é bem exigente, pois praticamente é uma direta até a parte rochosa da montanha. Por esta trilha, passamos por uma densa vegetação recheada de variados tipos de Bromélias, grandes árvores e inúmeras unidades da orquídea Sofronitis, que também encontramos na região da Serra da Mantiqueira. Toda trilha possui corre-mãos de corda para apoio e escadas fixadas nas partes rochosas. Para facilitar a orientação, toda trilha do Marumbi possui plaquinhas em forma de setas onde cada rota possui a sua cor. Com aproximadamente 3:30hrs de escalaminhadas conseguimos alcançar o topo do Monte Olimpo, onde registramos uma diferença de 1.054m de desnível desde a Estação do Marumbi, reforçando assim o nosso respeito diante desta grande montanha.


Orlando, Luane, Cristiano, Ed e Ian na saída do Setor 1

Do alto do Olimpo podemos admirar a nordeste a grande formação granítica do Pico Paraná, a maior montanha do estado, onde no seu topo os altímetros registram 1.887m de altitude a beira do mar. A oeste podemos ver a cidade de Curitiba, onde um pouco mais a esquerda podemos visualizar o Morro do Anhangava 1.430m e a sudeste a cidade de Morretes com o litoral paranaense.


Entrada da estrada da Graciosa

Após nossa contemplação iniciamos nossa descida, pois ela era bem longa. Chegamos na Conquista já de noite onde recebemos um telefonema do Ed que estava no estacionamento do setor 3 com o carro dos gringos sem bateria. Rapidamente subimos a serra e levamos um cabo para dar “mamá” ... problema resolvido ! Descemos para Campo Largo e pedimos várias pizzas e cervejas por telefone, onde rapidamente bateu aquele sono e caímos pra dentro dos sleeps.


COSMO

Na segunda feira, tiramos o dia para visitar a fábrica da Conquista. Ficamos impressionados com todo o processo de fabricação e organização. Não é a toa que a Conquista timbra em seus produtos o certificado ISO 9001, e também o precioso selo da UIAA. Com isso aproveitamos para fazermos algumas compras para Triboo! e pegamos a estrada rumo ao Sul de Minas.


Trem vindo de Paranaguá


Sinalização para Estação


Abrolhos 1.200m e Torre dos Sinos 1.280m


Natureza


Placa no início do Olimpo


Orlando na escadinha para o Olimpo


Sinalização para o Olimpo


Bromélia


Lu e Cristiano na Escadinha





Olimpo visto da trilha


Orquídea Sofronits


Cume do Olimpo com Pico Paraná ao Fundo


Registro no Livro


Avião e Esfinge


Portaria e Marumbi

Sem dúvida alguma iremos voltar muitas vezes ao Paraná, pois sabemos que teremos casa, companhia e muito montanhismo.

Até breve,

Orlando Mohallem.